Que os debates políticos são recheados de acusações e até de baixarias, todos já sabemos. Já vimos quase de tudo durante as campanhas eleitorais no Brasil, desde facadas de presidenciáveis até linchamentos de militantes descuidados.
Mas uma cadeirada, como a que o candidato Datena deu em Pablo Marçal durante o debate na TV Cultura foi talvez a situação mais ridícula e causadora de pejo de que tomamos conhecimento.
Muita gente poderá defender um ou outro candidato, mas vamos falar as coisas como elas são, sem paixonites partidárias ou de seguidores de gurus em geral.
Primeiramente, qual o limite da provocação verbal em um debate político, considerando a nossa cultura? Se considerarmos a nossa cultura, veremos que não há limites para provocações verbais. Quantas pessoas não xingaram um juiz de futebol ou um jogador do próprio time sem nenhum pudor?
E se o limite for o da lei, também veremos que não há limite, pois o que há é uma punição prevista para cada caso, seja injúria, seja calúnia. Diga-se de passagem que pôr em dúvida a masculinidade de outro homem não é calúnia, mas está no campo da injúria.
Em caso de injúria, o procedimento correto é a do injuriado abrir um processo civil contra o injuriador ou, caso de legítima defesa, devolver as calúnias com outras calúnias, mas nunca com uma cadeirada ou outro ato de violência.
E se você defende a violência empregada por Datena contra o Pablo Marçal somente porque você acha que o Pablo Marçal mereceu aquela violência, convido você a pensar melhor.
O que sentimos quando outro ser humano sofre uma violência é empatia, se ainda formos humanos e não robôs programados pela grande mídia.
Lembre-se de que o que sentimos ao saber que outro político, em outras eleições, atacou fisicamente um repórter foi empatia pelo repórter. E nós jamais deveríamos pensar em sentir outra coisa, ou racionalizar que alguém merecesse uma agressão física pelas suas palavras.
Porque, se nós aceitarmos que o castigo físico por palavras é admissível, estamos caminhando para um rumo perigoso da permissividade diante das injustiças.
Eu, como autor principal desta página, que é sobre a aprendizagem, não poderia deixar de escrever este artigo expondo a minha indignação, tanto pela agressão do candidato Datena ao candidato Marçal, quanto pela forma como algumas pessoas vêm tratando o caso, flertando perigosamente com as manchas de um passado obscuro, que ainda estão nas sombras de cárceres mentais que aprisionam muita gente.
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